sexta-feira, 22 de abril de 2016

Memórias do Semiárido: A Casa



                              “A seca penetra pela janela quadrada, parruda, corpulenta e anafada. O que se vê é o terreiro, que mais parece uma praça cívica dando ênfase a arquitetura vernacular. Aberta, plana, destacando a casinha de taipa. Onde se pisa se pisa com força, socando o chão batido. Pau-a-pique, taipa de sopapo, é o barro correndo entre os dedos já enervados. A veia mostrando o pulsar vibrante na mão de quem conhece a solidão da imensidão da paisagem. O sol, visita constante, chega batendo na porta de madeira de algaroba. Porta de duas portas, pois porta se torna janela e janela porta. É o vento cruzando a pele áspera dos olhos que não se lamentam. Pois, fé é força, palma é comida e noite é dança.”                           

Túlio Martins

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O URBANISMO MODERNO COMO SOLUÇÃO DA MOBILIDADE NA CIDADE DO RECIFE E SUAS INFLUÊNCIAS COM O URBANISMO PAULISTA: UM CENÁRIO MERCADOLÓGICO


                                                                                                                 Túlio Martins
Graduando em Arquitetura e Urbanismo
Faculdade Mauricio de Nassau- Graças



A cidade nasce, vive e evolui numa heterogeneidade temporal tão expressiva, que não há como prever a dimensão desse movimento dinâmico que incide no seu desenvolvimento.
Contudo, ela se desenvolve em função da sua cultura, dos seus conflitos, das necessidades e dos seus equívocos e também da consciência que se tem desses equívocos que, por conseguinte, geram novo desenvolvimento.
Na esteira desse crescimento a casa pede espaço, a rua tende a crescer, surgem os bairros e, desordenadamente, vai se entrelaçando um avanço descomedido que vai assumindo as configurações do que Le Corbusier (2009, p.10) chama de caminhos das mulas como sendo aquele formado por ruas curvas resultantes “da vontade arbitrária, da intolerância, do relaxamento” em detrimento das linhas retas que caracterizam as cidades modernas bem planejadas. Dito isso, pode-se afirmar que a cidade, em toda sua complexidade, deve ser objeto de estudo de uma civilização.
              Historiando esse fenômeno, pode-se dizer que nas décadas de 20 e 30, Pernambuco foi marcado por um período de ebulição na cultura do estado. A arquitetura de Luiz Nunes se destacava com o Reservatório d’Água de Olinda (1936) e o Pavilhão de Verificação de Óbitos do Recife (1937), demostrando o despertar modernista pernambucano.
Paralelo a isso, a formação do grupo da Revista do Norte aliado ao Movimento Regionalista de Gilberto Freyre no Primeiro Congresso Brasileiro autóctone (1926) movimentava o estado fomentando a cultura e dando espaço ao modernismo.
Durante esse período, vários arquitetos foram chamados para propor e apresentar planos para uma nova capital, a exemplo de Domingos Ferreira (1927), Nestor de Figueiredo (1932), Atílio Corrêa Lima (1936) e Ulhôa Cintra (1943), apresentando-se como mais famoso o projeto de Cintra intitulado, Sugestões para Orientação do Estudo de um Plano Geral de Remodelação e Expansão da Cidade do Recife (1963), que durou até 1961 com a aprovação do Código de Obras (1961).
Vale salientar que Ulhôa, então diretor de obras da prefeitura de São Paulo e em parceria com Francisco Prestes Maia, que foi prefeito de São Paulo de 1938 a 1945, realizaram debates constantes com o ilustre engenheiro sanitarista Francisco Saturnino de Brito acerca do Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo, (1930) proposto por Maia e bastante criticado nos anos seguintes.
Destarte,
“o Plano de Avenidas, apresentado por Prestes Maia, em 1930, serviu e impôs os interesses de um urbanismo rodoviarista, travestido de moderno, mas que oprimiu a geografia, o desenho da cidade. Oprime os habitantes da cidade. Para esse conceito de urbanismo, o pedestre e o ciclista não existem; metrô e a hidrovia são desconsiderados e a ferrovia esquecida” (DELIJAICOV, 1998, p.14).

Contudo, partindo do seu esquema teórico de viação proposto para a cidade de São Paulo em 1924, Ulhôa Cintra buscou adaptar o perímetro de irradiação ao sistema urbano existente no Recife, descentralizando a praça da independência e retirando o seu caráter de convergência e circulação do núcleo.
Enquanto que em São Paulo, havia a interferência natural dos vales para atarantar a implantação do perímetro, na capital Recifense, as dificuldades eram impostam pelos rios que segregavam a cidade. Como medida para rearticular os bairros centrais, foi proposto por Cintra um aterro sobre os bancos de areia da bacia de Santo Amaro, formando uma praça e dando seguimento a duas pontes, uma para o bairro do Recife e outra para o bairro de Santo Antônio, possibilitando assim, estabelecer o perímetro de irradiação.
 Além do perímetro de irradiação central, Ulhôa propôs um sistema viário baseado em perimetrais e radiais. As três perimetrais que foram implementadas constituem basicamente o sistema atual, quais sejam: O eixo derby-tacaruna, hoje atual Agamenon Magalhaes e o eixo Afogados/Madalena/Torres/Aflitos/Encruzilhada/Olinda que consiste na perimetral II; e outra na época, paralela a uma linha férrea proposta.
Em relação ás radiais, Cintra dispôs de seis delas que se afastavam do centro em direção a Afogados, Prado, Caxangá, Aflitos/Torre, Encruzilhada/ Beberibe, Campo Grande, Olinda via Avenida Cruz Cabugá.
            Num dizer de Vanderli Custódio “é nítida a importação de ideias urbanísticas estrangeiras acompanhadas dos atributos de modernas e científicas, sobretudo nas propostas de Ulhôa Cintra e Prestes Maia, e a persistência em implantá-las, mesmo sendo inadequadas ao sítio e à cidade existente.” (CUSTÓDIO, 2004, p. 94).
É perceptível nos projetos de Ulhôa Cintra, a valorização das rodovias como saída para os problemas de mobilidade urbana. Isso, quando aplicado a cidade de são Paulo, percebe-se uma intenção solapada nos seus projetos.
Ademais, impulsionada pelo urbanismo rodoviarista do século XX, a burguesa paulista suplicava por líderes que trouxessem a modernidade sobre rodas. Como resultado dessa súplica, instalou-se, naquele período, o início de um dos maiores problemas ambientais e sociais que a nossa geração enfrenta até hoje, o automóvel.
             Acerca disso, Vanderli Custódio (2004) em seu artigo sobre os surtos urbanísticos do final do século XIX e o uso das várzeas pelo Plano de Avenidas, definiu esse momento modernista como sendo o marco da

“lógica da defesa dos interesses econômicos e dos valores estéticos e ideológicos da burguesia cafeeira em transição, no final do período, para o início da lógica da burguesia industrial – moderna –, reforçada com a atuação das empresas automobilísticas que se imporiam nas décadas seguintes” (CUSTÓDIO, 2004, p.96).

           Notoriamente, a ideia do urbanismo mercadológico de Ulhôa Cintra e Prestes Maia, foi presente em Pernambuco nas décadas de 20 e 30, aplicando os conceitos do Plano de Avenidas em forma de sugestão para a prefeitura do Recife. Hoje, a cidade do recife enfrente grandes problemas de mobilidade urbana dos quais São Paulo também compartilha.
            Por conseguinte, o atrofiamento das ideias dos anéis Hidroviários e Ferroviários, - formato que já era presente em Paris com o anel hidroviário formado pelo Sena, Saint-Denis e Saint-Martin-  que antecedem o pensamento rodoviarista, guiaram recife para um formato de mobilidade que baseia-se principalmente em avenidas e ruas, suplicando cirurgias urbanas que demandarão muito mais esforço para serem solucionadas, demonstrando assim, o seu caráter mercadológico.





15 de abril de 2016



REFERÊNCIAS
CUSTÓDIO, Vanderli.  Dos surtos urbanísticos do final do século XIX ao uso das várzeas pelo Plano de Avenidas. Geosul, Florianópolis, v. 19, n. 38, p 77-98, jul./dez. 2004
DELIJAICOV, Alexandre. E os rios e o desenho da cidade:  proposta de projeto para a orla fluvial da grande São Paulo, 1998.

LE CORBUSIER. Urbanismo. 3 Ed. São Paulo.Fontes, 2000.

sábado, 24 de outubro de 2015

As Disciplinas Escolares e a Responsabilidade Com os Espaços Públicos.




Estátua do poeta da primeira geração do modernismo, Ascenso Ferreira. Faz parte do Circuito da Poesia que conta com 12 estátuas distribuídas pela capital homenageando expoentes da cultura pernambucana.




Por Túlio Martins


Na maioria das cidades, não é muito raro encontrar espaços públicos depredados, assolados e saqueados. Consequentemente, esses espaços acabam por perder o diálogo com o seu entorno, abandonando assim o seu caráter de união cultural comprometendo o relacionamento cotidiano dos que frequentam aquele determinado espaço.
Desse modo, quando nos deparamos com alguma situação de depredação do patrimônio comunitário, a priori, julgamos essa prática em duas vertentes: o abandono do poder público e ou a ação de vândalos, como uma condicionante real diante da total e inevitável falta de consciência de quem pratica tal perplexidade.
Essas atitudes de depredação do patrimônio público podem estar relacionadas à decadência educacional a qual os cidadãos são submetidos.  Seja pela ausência da educação doméstica, seja pela inadequação da educação escolarizada às reais necessidades dos que dela participam.
Reforçando esse argumento, Paulo Freire (2006, p. 45) diz que

“é preciso que a educação esteja  em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos - adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história [...] uma educação que liberte, que não adapte, domestique ou subjugue.”

Nessa perspectiva, torna-se inadiável agregar ao cotidiano de um adolescente em formação as necessidades básicas de preservação da cidade. Igual importância tem a necessidade de trabalhar a dialética acerca da preservação e do conhecimento urbano como possibilidade de construção da consciência saudável com o ambiente coletivo.

Sendo assim, é clara e evidente a necessidade de se criar, de imediato, uma disciplina dentro da escola convencional, que não simplesmente apresente o obvio do não praticar vandalismo na cidade, mas que, sobretudo, incentive a importância do praticar o uso coletivo de forma responsável, como forma de progredirmos como civilização, com o intuito de evitarmos tais infrações desobstruindo os canais da boa formação intelectual.
            É preciso, ainda, considerar que é no espaço público que experienciamos a vida, reencontramos pessoas, vivenciando assim, um dos nossos instintos mais antigos, que é o de se socializar com os outros indivíduos.
Isso nos remete a reflexão de que a preservação do espaço público é de responsabilidade do poder público, cabendo ao cidadão preservar, fiscalizar, protestar e cobrar das autoridades competentes a revitalização desses espaços. 
Portanto, a educação pode contribuir muito com a formação do ser humano, pois ela se constitui numa base para inserção do indivíduo no meio social de forma competente e responsável.

Por conseguinte, é preciso buscamos teorias que possam reforçar nosso argumento de que é preciso criar uma disciplina no currículo da educação básica voltada para a preservação do espaço público, uma vez que a educação potencializa a compreensão de que o ato de depreciar qualquer patrimônio público representa a negação automática do convívio, do diálogo e da consciência do valor de preservação do bem coletivo.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Os Estudantes de Arquitetura e Urbanismo podem ser úteis à sociedade?

Por Túlio Martins

Ações Reverberadas

Vivemos em um país seriamente carente de iniciativas socioculturais, socioambientais e ações humanitárias. Problemas como corrupção, falta de infraestrutura nas escolas, baixo salário de professores, já são assuntos tratados com bastante conformismo no cotidiano da maioria das pessoas.
Erroneamente, temos uma facilidade quase que sobrenatural para abafar com terra o fogo dos escândalos do nosso país, esquecendo-os quase que de imediato, enquanto rompemos com a centelha das boas ações.
É chegada a hora de nos encontrarmos com a solidariedade e compreendermos nosso papel social. Não há mais logicidade em continuarmos a permear os caminhos da insignificância. De imediato, precisamos transcender esse tapume que rege nossa sociedade já debilitada.

O aluno de arquitetura e urbanismo: uma contribuição social

Os alunos de Arquitetura e Urbanismo representam, no âmbito do planejamento de espaços, uma parcela significativa de pessoas que estão de alguma maneira buscando solucionar os problemas da sociedade.
 Todavia, a contribuição efetiva do aprendente para a transformação do ambiente social se dá com mais intensidade à medida que deixa a universidade e inicia seu fascinante caminho como arquiteto urbanista.
Até ai, tudo bem. Mas, é necessário reconhecer que o estudante de arquitetura e urbanismo é um profissional em construção e, como tal, tem sensibilidade e potencial para lapidar e ser lapidado pela sociedade em que se insere.

Mas, como ser útil à sociedade?

Existem algumas maneiras de sairmos do estado de letargia e adentramos numa busca incessante pela transformação. Uma delas é o estabelecimento de um diálogo permanente com a sociedade sobre a preservação do meio ambiente de um modo geral e, de forma mais especifica, do patrimônio histórico e cultural.
 É de suma importância compreender que cada tijolo, cada fachada, cada monumento, guarda as memorias da nossa existência, os negativos que provam nossa capacidade de raciocínio, que nos separa dos demais seres vivos, permitindo assim, manter acessa a chama que une o passado e o presente, na lógica da construção de um futuro melhor.
Outra vertente primordial e improrrogável é a interação da universidade com o seu entorno. A organização de debates sobre melhorias no bairro, sobre acessibilidade, inclusão social, o esclarecimento da população sobre legislações ligadas a construção civil e a organização da cidade, pode significar melhorias no processo de ocupação, no convívio e no aprimoramento da formação intelectual, social, cultural e econômica do estudante de arquitetura e urbanismo.
Sendo assim, percebemos que existe uma competência social na estruturação da formação do estudante, uma vez que, para ser útil a sociedade não é necessário ser um estudante de arquitetura e urbanismo, mas para ser um estudante de arquitetura e urbanismo, é necessário ser útil à sociedade.


Portanto, esse texto tem o objetivo de provocar uma reflexão sobre a nossa a capacidade de transcender o cotidiano, de transformar a vida daqueles que dividem esse planeta de tantas culturas e personalidades.  É também uma convocação a todos os estudantes e, em especial, aos de arquitetura e urbanismo, a vislumbrarem novas formas de agir em relação a seu papel social, ainda como estudante, como possibilidade de construir perspectivas melhores para o futuro coletivo.

domingo, 27 de setembro de 2015

A Ausência da Iniciação Cientifica nas Instituições de Ensino Superior: Um Pecado Capital

                                                                                                                  Por Túlio Martins


               A Iniciação Científica (IC) é a primeira experiência do aluno com o método científico de produzir conhecimento, sendo um mecanismo de sustentáculo teórico e metodológico para o aprimoramento intelectual. Sua essência tem como objetivo despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais erradicando a atual formulação do aluno como depositários de informações, produzindo indivíduos capazes de criar seus próprios métodos de análise.


               Ademais, a IC tem algumas vantagens como a melhoria na concentração e organização, capacidade de resolver um problema de certa complexidade, acompanhamento de um docente gerando troca de informações e experiências, aprimoramento crítico e criativo, reconhecimento perante a instituição, enriquecimento do currículo visando seleções para pós-graduações e, em alguns casos, a remuneração.


              O desenvolvimento da pesquisa na formação profissional exerce um papel importante para a geração de novos conhecimentos, de novas tecnologias e para o aperfeiçoamento do espírito crítico e reflexivo na formação do acadêmico (SARAIVA, 2007).


               Na busca frenética e imediatista do lucro, as “indústrias da educação” (grande parte das instituições de ensino superior particulares), no geral, optam por negligenciar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão com o intuito de diminuir custos minimizando a quantidade de hora-aula paga aos professores, ampliando o curso para dois turnos e movimentando o ciclo de entrada e saída de alunos para o mercado de trabalho, aligeirando o processo e (de)formando futuros profissionais á revelia de uma formação profissional sólida, responsável e competente.


               De acordo com Fava-de-Moraes (2001),

 ”não há condições de uma Nação querer ser moderna com desenvolvimento social e econômico se não tiver base científica e tecnológica”. Esta foi uma das conclusões da Conferência Mundial sobre Ensino Superior, realizada pela UNESCO, em 1998. Tome como exemplo os países mais desenvolvidos do mundo no tocante ao número de doutores e PHD que são formados, resultado obviamente da base científica que foi proporcionada à época da graduação.


               Assim sendo, é inconcebível a uma instituição de ensino superior a não efetivação da tríade indissociável do ensino, pesquisa e extensão, não obstante afirme para Deus e o mundo que é necessário formar pessoas capacitadas no âmbito da pesquisa para desenvolvimento, não apenas pessoal, mas, sobretudo, nacional. Este discurso não cola mais! Separar ensino de pesquisa e extensão é um pecado capital imperdoável ao desenvolvimento da sociedade!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aos Alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo

                                                               Por Túlio Martins


Ao iniciarmos o curso, provamos de um turbilhão de informações, normas, costumes e personalidades. Aderimos a novas ideias, novos estilos de vida. Sentimos a vontade de melhorar o que já existe e ajudar a sociedade a vislumbrar um futuro melhor.


Fomos tomados por princípios, ideologias convicções diversas. Buscamos o inusitado, o sucesso, o reconhecimento.


Essa mola-mestra que nos impulsiona é vibrante e nos faz deixar todo o óbice de lado, embora algumas vezes o desânimo possa nos visitar.


E mesmo parecendo indômito só se solidificará na mente das pessoas fracas, que se acomodarem e se acostumarem a aceitar o que inicialmente foi proposto, sem duvidar, sem pestanejar, sem procurar entender porque não pode ser diferente, melhor. O que existe, existe para ser evoluído, assim como nós.


Destarte, o arquiteto pertence a um meio social. Cabe a ele observar, analisar e propor soluções para o enfrentamento das adversidades e imprevisibilidades que ocorrem na nossa ambiência.


Contudo, não se permita ser menos, compreender menos. O dia nasce com novas dificuldades, mas também com possibilidades. Observe os momentos felizes e os momentos de fragilidades. Aprenda com eles, tire proveito e apresente novas propostas de superação.   


Se a aula não foi o esperado, se você se sente incapaz, se o professor não atendeu as suas expectativas, supere essas adversidades. Pesquise, estude, busque outros meios de conhecimento, transmita sentimentos bons no ambiente em que você estuda. Isso mostra que você quer mais, que está disposto a ir além. Contratempos existem, mas podemos transcender esses desafios. Nada, nada será fácil, mas vai valer a pena.  Acostume-se.


Trilhando o caminho dos homens


Quando chega o meio dia de nossas vidas, o ápice da nossa qualidade mental, tudo se torna claro. Percebemos que o que importa, na verdade, é chegarmos a um estado de equilíbrio.


Todavia, uma das formas mais eficientes de sobrepujar esse obstrucionismo é criando. O estado de criação consola nossos sentimentos e anseios. Criar é trabalhar, é produzir, projetar. É estabelecer parâmetros para nosso futuro, é conquistar, é buscar o reconhecimento. Pois, é através da labuta que as pessoas nos percebem e nos respeitam.


Amigos, colegas e professores, vamos caminhar juntos por uma arquitetura melhor. Deixar de lado os conflitos e desavenças. Vamos lutar por melhorias no curso, na cidade, no estado, no país e no mundo. Que tal começarmos viajando até o nosso interior, e nos conhecendo?

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Prosa Arquitetônica

Por Túlio Martins
Estudante de Arquitetura e Urbanismo


O aluno criador

Quando iniciamos o curso de Arquitetura e urbanismo, afloramos nossos instintos mais criativos. E, sem embasamento teórico e cientifico, trilhamos na tentativa de que num piscar de olhos compreendermos que o que nos falta é acordar com o pé direito, é atrair um trevo de quatro folhas e fazer um pedido aos deuses arquitetos para, assim, regurgitamos uma singular capacidade de projetar uma Casa das Canoas ou uma fantástica residência de Lina Bo Bardi.

Equivoco nosso! O que percebemos em diante é que criar, aprimorar, solucionar ou conceber se constituem em um conjunto de elementos dentro de um universo de caminhos que só serão obtidos perante muito esforço intelectual e, que ao projetarmos, assumimos responsabilidades e riscos, muitas vezes irreversíveis.

A função do professor como “muro de arrimo”

O professor chega para conter. Sustentando, dando limite a essa explosão de criatividade de placebo.  Sua função é indiscutível. O professor lidera, mostra o caminho. É o referencial para os alunos. O seu papel é de criticar de forma proativa. É o de educar, de instigar o aluno a atingir o seu máximo e de brecar o avanço desenfreado do absurdo.

Mediocridade Ativa.

Oscar Niemeyer (1998), afirmava que a escola Bauhaus era o paraíso da mediocridade, que o fato de seguirmos caminhos já trilhados não desenvolveria nossa capacidade de criação. Pois, ele acredita que um chão batido já não era permeável, que precisávamos provocar a mente criativa, deixar de seguir caminhos feitos e buscar desvios solapados, ocultos, escondidos pela mediocridade e pela sombra do que já existia. Pensava ele que, homenagear uma arquitetura não era copia-la, e sim, contrasta-la com algo novo e jamais pensado, impactante.  - “A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat. Não interessava a forma, desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem”.

O arquiteto Vilanova Atrigas (1981), já enfatizava a necessidade de se reformular a metodologia do ensino da arquitetura, como um todo, no âmbito das universidades. O desejo de Artigas era transformar por completo o ensino da arquitetura, livrando-o dos limites impostos, tanto por uma formação predominantemente técnica, herdada do curso de engenharia, quanto por uma visão artística conservadora, vinculada à tradição acadêmica.  

              O arquiteto Ciro Pirondi, quando perguntado sobre qual seria a principal preocupação na formação dos Alunos, em entrevista ao The Green Club (2011), Pirondi assegurou que, sua maior preocupação era a de formar cidadãos com uma visão crítica, capaz de transformar a realidade através da compreensão de que o ofício de arquitetura é o de um prestador de serviço à sociedade, tal qual um sapateiro ou varredor de rua.

O aluno sendo lapidado

O que podemos observar de tudo isso, é que somos alunos em construção. Medrosos e afoitos, orgulhosos e vazios. Buscamos uma direção, um linear, um objetivo. Esperamos muito daqueles que nos guiam. Precisamos construir o projeto mais importante que são nossas vidas e nossa responsabilidade social, cultural e econômica dentro dos pilares da arquitetura e do urbanismo.

Acabamento

O objetivo aqui é consolidar o diálogo entre os que educam e os que aprendem na tentativa de sermos mais “professores muro de arrimo e alunos criadores”. Fortalecendo a dialética dentro do âmbito universitário e dando mais espaço criativo aos aprendentes. fugindo do conservadorismo e do conformismo simplista, medíocre. Esse encontro das ideias é transformador, inadiável e inexorável.

Como aluno, deixo meu depoimento em agradecimento ao que absorvo dos nossos encontros diários de conhecimento e dos nossos trabalhos “em dupla”, pois nunca estamos sozinhos, sempre estamos acompanhados do apoio de vocês, educadores.

Um forte abraço.